Banco Central sobe taxa de juros para 10,75%
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou nesta quarta-feira (18) o aumento da taxa Selic para 10,75% ao ano, uma elevação de 0,25 ponto percentual. Esta é a primeira vez que a autoridade monetária aumenta a taxa básica de juros desde agosto de 2022, há dois anos e um mês. A decisão foi unânime entre os diretores do órgão.
Em nota, o colegiado não apresentou orientações sobre os próximos passos da política monetária, também chamado de guidance.
“O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo ora iniciado serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.
A medida atendeu às expectativas do mercado financeiro. Em sua ata de julho, o Comitê de Política Monetária (Copom) já havia indicado que não hesitaria em subir a Selic caso julgasse necessário.
A Selic, que é a taxa básica de juros da economia brasileira, influencia diretamente os juros cobrados em empréstimos, financiamentos e também o rendimento de investimentos. No mercado financeiro, seu impacto é significativo sobre o retorno das aplicações.
A principal missão do Banco Central é controlar a inflação, buscando manter o índice no centro da meta de 3%. Em agosto, a inflação anualizada estava em 4,24%, ainda dentro da faixa de tolerância.
Uma das estratégias para conter a inflação é o aumento da taxa de juros, o que encarece o crédito e, consequentemente, desacelera o consumo e a produção. Com a demanda reduzida, os preços tendem a subir em um ritmo mais moderado.
Entre os fatores que estão pressionando os preços e preocupam o Copom estão:
- Câmbio: A desvalorização do real frente ao dólar em 2024, com a moeda americana cotada acima de R$ 5 desde 28 de março, tem impactado a inflação devido ao encarecimento das importações.
- Economia aquecida: Os indicadores de emprego e o crescimento do PIB superaram as expectativas, o que, embora seja um sinal de vigor econômico, também contribui para pressionar os preços.
- Política fiscal: O Banco Central está atento à gestão das contas públicas pelo governo. Apesar de haver tentativas de aumentar a arrecadação, poucas medidas estruturais foram adotadas para reduzir gastos de forma permanente.
‘Superquarta’ e redução do juros norte-americanos
O dia de hoje é conhecido como uma “Superquarta”. É assim que se chamam as quartas-feiras em que coincidem as reuniões que definem as taxas de juros tanto dos Estados Unidos quanto do Brasil.
O Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) reduziu o intervalo dos juros norte-americanos em 0,5 ponto percentual, para 4,75% a 5% ao ano. A diminuição é a primeira desde 2020. O patamar anterior era o maior desde 2001.
Entenda a Selic
A taxa básica de juros é uma forma de piso para os demais juros cobrados no mercado. Ela serve como o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, perto da meta estabelecida pelo governo. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam alternativas de investimento.
Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando os juros básicos são reduzidos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.
A Selic é usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.
É a taxa Selic que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo em empréstimos ou financiamentos. Por esse motivo, os juros que os bancos cobram dos consumidores são sempre superiores à Selic.