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2º julgamento da Operação Omertà: Ex-esposa de investigado disse que sofreu violência psicológica junto dos filhos

O 2º julgamento da Operação Omertà está acontecendo pelo segundo dia nessa terça-feira (17) no Tribunal do Júri do Fórum de Campo Grande. A primeira pessoa a prestar depoimento foi Eliane Benitez, ex-esposa de ex-guarda municipal Marcelo Rios, por sua vez um dos principais personagens na morte de Marcel Colombo, conhecido como “Playboy da Mansão”. O crime aconteceu no início da madrugada do dia 18 de outubro de 2018, em um bar de Campo Grande.

Durante o curso da apuração do caso, ela, acompanhada dos filhos, na época de 7 e 5 anos, ficaram juntamente com o Marcelo Rios na sede da GARRAS (Delegacia de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros). Foram cinco dias ao todo. Eliane explicou que os delegados da operação foram na casa de sua mãe e disseram que estavam correndo risco. Os policias alegaram terem encontrado mensagens com ameaças de morte contra ela e Marcelo Rios

No depoimento, Eliane disse que não queria que seus filhos fossem se esconder dentro de uma cadeia. “Queriam me levar, tudo bem, mas meus filhos?”. Afirmou que entrou na delegacia no dia 22 e só saiu no dia 27 de maio. A mulher detalhou que filhos não tinham alimentação adequada e que foi “escondida” dos familiares e até de advogados. Acusou de ter sofrido violência psicológica o tempo inteiro, assim como os filhos. “Só eu e os meus filhos, e o Marcelo que estava lá, sabemos o inferno que passamos naquela delegacia”.

Em vários momentos do depoimento, Eliane se emocionou ao lembrar dos dias na delegacia. Ela disse que só conseguiu sair porque a sua mãe foi atrás da OAB/MS (seccional de Mato Grosso do Sul da Ordem dos Advogados do Brasil) para cobrar explicações. Foi exibido um vídeo do primeiro depoimento formal feito por ela, onde fala que o marido estava nervoso perto da morte de Marcel e pediu para ela procurar matérias em sites de notícias.

No plenário, Eliane não confirmou nenhuma palavra do que foi dito naquele vídeo. “Isso veio das conversas que tivemos, delegado Pero e eu e os investigadores, na delegacia”. Ela disse que descobriu a traição do marido, mas que ao explicar isso na delegacia foi informada que a versão “não ajudaria ela em nada”, por isso, foi induzida a dar a versão repassada pelos policiais. As falas eram de que ela morreria e por medo, aceitou dar a “versão falsa” sobre o crime. “Para salvar meus filhos eu faria qualquer coisa”. 

Questionada sobre Marcel Colombo, Eliane disse que não conhecia. “Eu não conhecia o Marcel, escutei ele (Rios) falando no telefone sobre Marcel e comecei a pesquisar e vi que o Marcel estava preso. […] Escutei que ele estava na Máxima e um servidor lá dentro faria o serviço (matar). Antes dele sair a pessoa desistiu a mando do Jamil. O Jamil Name Filho mandou e o motivo foi porque Marcel deu soco no Jamil”, depôs. O depoimento todo dela durou cerca de duas horas.