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Alegando inocência, Francisco Cezário não vai renunciar ao cargo de presidente da FFMS

Francisco Cezário de Oliveira anunciou, nessa segunda-feira (27), que irá se licenciar do cargo de presidente da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS). O dirigente está preso desde o dia 21 deste mês, quando foi o alvo principal da Operação Cartão Vermelho, desencadeada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco).

Em nota à imprensa, Cezário alegou ser inocente das denúncias e afirmou que a “verdade dos fatos será demonstrada no curso das investigações e processo”. Ainda na sua versão, os atos praticados enquanto presidente da FFMS foram todos legais. Apesar disso, justificando “respeito ao futebol estadual”, vai se licenciar do cargo.

“Permanece obediente ao ordenamento legal e às determinações judiciais, enquanto aguarda providências estatutárias para seu formal licenciamento das funções de presidente da FFMS, que honradamente foram confiadas pela família e companheiros do futebol estadual”, cita a nota, ao confirmar que está deixando a presidência após 26 anos.

Alegando inocência, Francisco Cezário não vai renunciar ao cargo de presidente da FFMS

A licença não significa a renúncia do dirigente, ou seja, ele pode retornar ao posto caso consiga um habeas corpus e deixe a prisão. Outro ponto importante que deve ser citado aqui é que o Estatuto da FFMS determina a responsabilidade do próprio presidente afastado escolher o substituto para o seu cargo.

Para que essa realidade mude, somente os próprios clubes é que podem provocar um pedido de impeachment e cassar o mandato de Cezário, conforme cita o Artigo 57 do Estatuto: 15% dos associados (clubes profissionais e ligas amadoras) podem convocar pedir a instauração de um procedimento para apurar o presidente.

O caso

Francisco Cezário é investigado por lavagem de dinheiro e desvio de recursos da FFMS. No curso das diligências, até agora, foram apreendidos mais de R$ 800 mil. A operação cumpriu sete mandados de prisão preventiva, além de 14 de busca e apreensão em Campo Grande, Dourados e Três Lagoas.

O Ministério Público disse que foram 20 meses de investigações, onde foi constatado a instalação de uma organização criminosa dentro da FFMS com objetivo de desviar valores provenientes do Governo do Estado (via convênio, subvenção ou termo de fomento) e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em benefício próprio e de terceiros.

Dos sete presos, somente um não é parente de Francisco Cezário. A maior parte do dinheiro iria para o presidente. Numa ligação telefônica, Cezário chega a dizer a um interlocutor que precisa ganhar dinheiro com o futebol e que precisavam inventar um projeto para usar recursos de Prefeituras.

Foi descoberto ainda que a FFMS enganava os clubes com diárias de hotel, agendando duas diárias para times e usando somente uma. O valor da outra ficava com o grupo. Verbas provenientes da CBF para realização de jogos também eram desviadas, além de apresentarem prestação de contas “maquiadas” com valores fictícios.

O Gaeco investiga ainda um suposto pagamento de propina de uma empresa fornecedora de material esportivo para a Federação. Os promotores concluíram que a FFMS repassou dinheiro para a empresa, mas recebeu R$90 mil de volta, sem qualquer justificativa. Os depoimentos dos investigados devem acontecer ao longo dessa terça-feira (28).

Francisco Cezário está atualmente em seu sétimo mandato de presidente da FFMS, tendo sido reeleito até 2027. A última eleição foi em 2022 e o mandatário está no comando da Federação desde 1998, tendo se afastado de 2001 a 2004 para assumir o cargo de prefeito de Rio Negro.