Policial

Réu diz que escondeu corpo da ex no sofá para filho não ver mãe morta

Após depoimentos de testemunhas sobre o assassinato de Aparecida Anauanny Martins de Oliveira, morta aos 18 anos pelo ex no dia 6 de março de 2017, em Campo Grande, o ex-companheiro dela, Eduardo Dias Campos Neto, de 38 anos, falou durante julgamento no Fórum de Campo Grande. Aos prantos, o réu confessou e pediu perdão pelo crime, alegando que escondeu da vítima no sofá para o filho não ver ‘cena da mãe morta’.

O homem contou que teve uma união estável com a jovem por 3 anos, falando a todo momento que a amava. Ele ainda disse que trabalhava como instalador de som automotivo e ela ficava em casa porque cuidava do filho. Questionado sobre ciúmes, no qual as testemunhas informaram “ser doentio”, ele negou. “Eu não tinha ciúmes, era como um casal normal. Não era nada doentio, eu amava muito ela e o meu filho”, falou.

Ainda conforme o depoimento de Eduardo, o crime “não era para ter acontecido”. No entanto, ele alega que, pouco tempo antes de estrangular a jovem, ficou sabendo que o filho que possuíam em comum “não era dele” e que a vítima ainda “cuspiu na cara dele e o chamou de corno”.

Na sequência, diante aos jurados, ele descreveu o momento da briga com a vítima. “Eu perdi a cabeça, não tinha intenção jamais de que isso acontecesse. Depois que vi que ela não se mexia, o sofá cama estava aberto porque fiquei brincando com meu filho na noite do dia anterior. Eu então deixei o corpo dela lá e saí de casa para o meu filho não ver a cena da mãe morta. Pouco antes, ele tinha descido com a minha mãe para brincar no parquinho”, ressaltou.

Desde então, o homem fala que ficou perambulando em Campo Grande por 3 dias, na saída para Sidrolândia. “Depois eu pedi uma carona e fui para o Paraguai. Fiquei trabalhando em uma fazenda, cheguei a ser gerente quando houve a prisão. Casei de novo, tive uma filha e descobri um câncer no osso. Eu passo por quimioterapia há 4 anos, é um câncer no osso que não tem cura e o tratamento diminui o avanço apenas”, falou.

Após um tempo, questionado sobre detalhes do dia dos fatos, ele chorou e pediu perdão. “Não era para ter acontecido. Eu amava meu filho, amo até hoje”, disse ele. A família, em protesto, se retirou um a um do tribunal e houve um intervalo. Na sequência, haverá a fala da promotoria e depois pode ocorrer a réplica e até tréplica, antes do resultado, de acordo com a assessoria de imprensa do Fórum.

Eduardo responde por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. No caso dele, a denúncia no Ministério Público Estadual (MPE-MS) ocorreu em 2010 e a lei do feminicídio foi estabelecida em 2015.

Crime

Interrogado em dezembro de 2017, Eduardo afirmou ao juiz que matou a ex-mulher depois de uma discussão sobre a paternidade do filho do casal. No dia 6 de março de 2007, Aparecida teria cuspido no rosto dele e confessado que o acusado não era o pai da criança.

Conforme a denúncia do Ministério Público do Estado (MPE), o laudo de exame necroscópico atesta que a causa da morte da vítima foi asfixia mecânica causada por provável esganadura. Além disso, Eduardo disse no interrogatório ter dado um golpe conhecido como “mata leão” na vítima, que é uma espécie de estrangulamento utilizado em artes marciais.

Fuga

O acusado ficou 10 anos foragido. A captura dele, em agosto de 2017, foi possível depois da inclusão do nome na Interpol. A prisão ocorreu em uma estrada de terra no Paraguai, próximo a Porto Murtinho, região sudoeste de Mato Grosso do Sul.

O acusado disse que escondeu o corpo da ex-mulher para evitar que o filho visse a mãe morta. Em seguida, fugiu para o país vizinho onde permaneceu foragido até a prisão. Durante os 10 anos que esteve como fugitivo, trabalhou em fazendas e constituiu outra família e é pai de uma menina.

*Por G1 MS

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