Empresária que mantinha mais de 300 animais em casa na Capital declarou gastar R$ 50 mil por mês com a ONG
A empresária de 54 anos presa na sexta-feira (19) por crime de maus-tratos contra animais domésticos, em Campo Grande, ficou em silêncio ao ser perguntada sobre a existência de macacos em sua Organização Não-Governamental (ONG), interditada durante a operação desencadeada pela Decat (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista).
A investida contra o imóvel, localizado na Rua Santa Catarina, no bairro Coronel Antonino, foi motivada após o recebimento de vídeos feitos pelos vizinhos exibindo a presença de animais silvestres, entre esses estariam dois macacos, de espécie não confirmada pelas autoridades. Durante os trabalhos de fiscalização, foram encontrados de 300 a 560 cachorros e gatos – o número correto não foi apontado.
Na delegacia, a responsável pela ONG alegou que os bichos são todos adotados ou encontrados abandonados e ainda afirmou que alguns estão doentes e ficam em gaiolas recebendo tratamento, vacinas, castração e chips de identificação. Entre as doenças listadas estão gripe, leishmaniose e PIF (Peritonite Infecciosa Felina). A autora declarou que um estagiário de Medicina Veterinária é o responsável por dar a medicação.
A mulher negou a falta de equipamentos de proteção individual (EPI) aos funcionários, atestando que todos usavam máscaras do tipo hospitalar, botas de plásticos, luvas e toucas e que depois que todos iam embora, ela ficava sozinha na residência cuidando dos animais pessoalmente e, quando morriam, levava para uma clínica parceira para armazenamento, de onde eram entregues ao crematório.
Sobre os recursos para manter a ONG ativa, ela disse que vendeu uma fazenda sua para custear as atividades. A média é de R$ 50 mil por mês com os cuidados com os bichos, entre ração, medicamentos e outros itens. Sobre as licenças que estariam vencidas, a empresária não soube dizer o motivo, pois quem cuida disso é o seu contador. Ela aguarda pela audiência de custódia, que deve ocorrer no domingo (21).
Funcionários da ONG e uma protetora de animais abandonados também prestaram depoimentos. A última confirmou que a dona estava enfrentando dificuldades para manter o local limpo, inclusive, mandou mensagem no último dia 11 deste mês para que a ajudasse na organização. O local, segundo a Decat, tinha condições insalubres, com sujeira acumulada e o odor muito forte.
A dona da ONG foi enquadrada no art. 32 da Lei 9.605, que prevê de 2 a 5 anos de detenção em caso de maus-tratos a animais e pelo art. 29 do decreto 6.514, cuja pena administrativa prevê pagamento de multa de R$ 500 por animal. Devido à quantidade de animais encontrados, um dos funcionários da ONG ficou encarregado de manter o zelo até que uma destinação seja providenciada.