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Lula propõe sociedade ao governador Eduardo Riedel na compra de fazenda para tirar indígenas da miséria em MS

A qualidade de vida para os povos indígenas que residem no sul de Mato Grosso do Sul foi tema de uma fala do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a sua passagem por Campo Grande nessa sexta-feira (12). Ele cumpriu agenda na unidade 2 do frigorífico JBS, às margens da rodovia federal BR-060, marcando o início da nova exportação da carne brasileira para a China.

No discurso e apontando diretamente para o governador do Estado, Eduardo Riedel (PSDB), que estava na primeira fila de autoridades convidadas, Lula falou sobre a importância dos poderes públicos ajudarem a população indígena e fez uma proposta direta ao chefe do Executivo Estadual, que chegou a ficar de pé e aplaudir em aprovação a iniciativa.

“Vamos comprar em sociedade uma terra para salvar os guaranis que vivem em Dourados. Se achar as terras, pode me telefonar a hora que quiser, para que a gente recupere a dignidade do povo. O governo federal será parceiro na compra e no cuidado deles”, disse Lula. “Vamos comprar essas fazendas para fazer o que tiver que fazer na terra para dar o direito a decência que eles perderam por falta de trato e respeito com eles”, completou.

Ao término da fala, Riedel se levantou e abraçou o presidente, mas publicamente ainda não se manifestou sobre a eventual procura pela área. Os povos guarani-kaiowá são a grande maioria dos indígenas em Mato Grosso do Sul e há muito tempo disputam terras com produtores. Nos últimos anos, as batalhas envolvendo policiais militares na retomada das ocupações provocaram até mesmo a morte de indígenas.

No sul do Estado, várias famílias indígenas enfrentam situações de miséria, com fome e a falta de recursos básicos, tais como água encanada e esgoto. Além disso, a presença de drogas e o envolvimento de traficantes tem transformado as aldeias em territórios violentos, com casos de estupros e abusos recorrentes. Por conta dessas situações, grupos de nativos vivem em barracos improvisados às margens de rodovias.

Agenda

Em Campo Grande, depois de 14 anos, o presidente Lula fez o ato simbólico da primeira exportação de proteína animal para o mercado chinês. A iniciativa é parte do processo de expansão das plantas frigoríficas brasileiras habilitadas para o envio da carne ao país asiático. Ao todo, foram concedidas 38 habilitações.

Entre as beneficiadas estão oito abatedouros de frango, 24 abatedouros de bovinos, um estabelecimento bovino de termo processamento e cinco entrepostos. Parte dos estabelecimentos foi auditado remotamente em janeiro deste ano, enquanto outros receberam avaliação presencial em dezembro de 2023.

As equipes técnicas chinesas foram recebidas e acompanhadas por representantes do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). A China é o principal destino das exportações brasileiras de carne bovina, suína e de frango, se destacando como maior parceiro comercial para proteína animal.

Em 2023, o país asiático importou 8,8 milhões de toneladas de carnes do Brasil, ultrapassando mais de US$ 23,5 bilhões. Até o início de março deste ano, o Brasil possuía 106 plantas habilitadas para a China, sendo 47 de aves, 41 de bovinos, 17 de suínos e um de asininos.