Livro vencedor do Prêmio Jabuti é recolhido de escolas públicas de MS
Exemplares do livro “O avesso da pele”, do escritor Jeferson Tenório, estão sendo recolhidos de 75 escolas públicas de Mato Grosso do Sul, após determinação do governador Eduardo Riedel (PSDB), nesta quarta-feira (6). De acordo com a Secretaria de Estado de Educação (SED), a medida se dá em função da linguagem utilizada em trechos do livro que contém expressões consideradas impróprias para a faixa etária da maioria dos estudantes atendidos pela Rede Estadual de Ensino (REE).
A obra foi publicada em 2020 e narra a história de Pedro, que teve o pai assassinado em uma abordagem policial.
O racismo é um dos temas abordados no livro, que venceu o Prêmio Jabuti em 2021, considerado o mais importante da literatura brasileira.
“O avesso da pele” integra o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), do Ministério da Educação (MEC), que compra e distribui livros didáticos para escolas públicas no Brasil.
O que diz a SED
Por determinação do governador Eduardo Riedel, e após avaliação da SED da obra “O avesso da pele”, distribuída pelo Ministério da Educação, haverá recolhimento imediato dos exemplares, enviados para 75 das 349 unidades escolares da Rede Estadual de Ensino de MS. A medida se dá em função da linguagem utilizada em trechos do referido material, contendo expressões consideradas impróprias para a faixa etária da maioria dos estudantes atendidos pela REE (menores de 18 anos), com o uso de termos e jargões que inviabilizam a utilização pedagógica no ambiente escolar. Após o recolhimento, os livros serão encaminhados para o acervo da Secretaria de Estado de Educação.
Repercussão
O assunto também ganhou repercussão na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems), na sessão ordinária de terça-feira (5), após deputados estaduais repudiaram a distribuição do livro.
Na tribuna, o deputado Professor Rinaldo Modesto (Podemos), chegou a falar que o livro possui uma linguagem pornográfica.
“Não vou narrar trechos deste livro, tamanho conteúdo inapropriado. Tenho recebido centenas de mensagens de pessoas indignadas com a distribuição nas bibliotecas. Não podemos permitir o acesso dos alunos ao livro com uma linguagem pornográfica. Isso representa a banalização do sexo e não tem relação com discriminação. Não importa qual partido ou qual governo autorizou, só não podemos admitir a sua distribuição”, disse Rinaldo.
Já a deputada Lia Nogueira (PSDB), afirmou estar estarrecida com a linguagem do livro para os alunos do ensino médio. “O livro é nojento. Não trata de educação sexual, mas trata o sexo de forma banal. Não estamos falando de bandeiras políticas e ideologias, mas de respeito na sociedade”.