Política

“O Direito das Mulheres à Cidade” é discutido em conferência na Câmara Municipal

A Câmara Municipal de Campo Grande promoveu, nesta segunda-feira, às 19 horas, a conferência “O Direito das Mulheres à Cidade”. O debate envolveu mulheres de diversos segmentos e autoridades na busca por caminhos, relações mais igualitárias e mais informações dos direitos das mulheres à cidade. A conferência foi organizada pela Procuradoria Especial da Mulher, que tem como procuradora e única vereadora da Casa de Leis, Luiza Ribeiro.

A abertura do evento contou com a apresentação musical da “Orquestra Indígena e Coral da Fundação Ueze Zahran”. A Orquestra Indígena é fruto de um projeto social de ensino musical, desenvolvido na aldeia urbana Darci Ribeiro, em Campo Grande.

Para a vereadora Luiza Ribeiro, ”esse tema, é de entender que as mulheres têm direito à cidade. Ou seja, tem direito a garantia de educação para os filhos, a cultura, ao esporte, a um transporte público decente e a viver na cidade sem violência. Esse aspecto todo é para analisarmos como é exercer o direito de ser mulher aqui na cidade de Campo Grande e viver bem. Vamos melhorar nossa luta e sermos transformadoras. O espaço urbano precisa ser adequado e apropriado pra nós”, pontuou.

Camila Jara, Deputada Federal, esteve presente e expôs que a conferência é de muita coragem, com tantas mulheres juntas e unidas para discutir uma cidade para as mulheres. “Para cada um de nós, a cidade é vivenciada de um jeito. Essa união aqui representa diversas realidades vividas por nós. A partir do momento que estamos aqui discutindo uma cidade para a mulher, nós começamos a construir propostas do que deve ser uma cidade pra mulher, como as instituições tem que se comportar para conseguir acolher todas essas realidades. Vamos lutar juntas com todas essas mulheres aqui para devolver tudo de melhor pra vocês em termos de políticas públicas”, disse a deputada.

Para Magali Picarelli, membro da Procuradoria Especial da Mulher, o evento é de suma importância e falou sobre o papel da Procuradoria na Casa. “As mulheres precisam de informação e nós da Procuradoria Especial da Mulher aqui da Câmara, nós temos esse papel, o objetivo é de trazer mais informação, orientação, acesso as informações e seus direitos, pelo menos ouçam aqui da nossa parte. Queremos estender não só neste mês de março, mas para todo o ano, sempre mais eventos, cursos, palestras e pessoas para nos auxiliar, para que as mulheres possam ver na Casa, essa ajuda para elas”, esclareceu.

Neila Janes Viana, Arquiteta e Urbanista, também participou da discussão e relatou que a inciativa é fantástica. “Na prática não é como na constituição. Nem todos temos direito a cidade. As mulheres estão em grande número excluídas. Somos nós que mais transitamos na cidade, que mais vivenciamos a cidade. Assumimos funções de cuidado com a família, com a casa, além de trabalhar fora. Esse acúmulo faz com que andemos mais na cidade. O transporte público por exemplo, não atende aos horários e trajetos que a mulher precisa. Calçadas muitas vezes quebradas, tantas barreiras físicas na cidade que dificultam a vida das mulheres. Precisamos mudar, pensar e discutir as possibilidades de mudar isso. Por meio da legislação, por meio das práticas, do planejamento urbano, será fundamental”, concluiu.

Juíza Federal de Mato Grosso do Sul, Raquel Domingues do Amaral, expressou que a mulher tem que lugar de fala e ter voz em todos os espaços da sociedade. “Por muitos anos a mulher foi confinada a espaços privados, então nós temos que trazer todas as mulheres para o espaço público, para que possamos nos expressar e ter nossa voz ecoada. Não só mulher branca, mas também as indígenas, negras, pardas, ribeirinhas, enfim, isso que dará efetividade ao princípio da isonomia que está previsto na constituição desde 1988 e que ainda não foi cumprido na sua plenitude”, ressaltou.

A representante da Cufa (Central Única das Favelas), Carla Gavilan, (Jornalista e Doutoranda em Comunicação pela UNESP), apresentou um levantamento realizado de feminicídios em Campo Grande. Foi registrado, em 14 meses, 9011 boletins de ocorrência. A maioria das mulheres sofreram feminicídio no período da noite. As que foram assassinadas, foram em suas casas, com incidência aos sábados. São 14 bairros da Capital que apresentam feminicídio. “Qual será a forma de segurança, modelo de proteção para a mulher e sua família, o que podemos pensar a partir dessas informações? A violência acontece em todas as classes sociais. Esperamos que essa pesquisa ajude de certa forma para alguma política pública. As pesquisas precisam sair das gavetas. Queremos que isso resulte em mais proteção e em salvar mulheres”, destacou.

O objetivo da conferência foi dialogar sobre as mulheres e seu direito à cidade, com mulheres que vivem e produzem seu cotidiano a partir de realidades diversas, e a luta para que políticas públicas sejam feitas ao seu favor e que relações mais igualitárias se estabeleçam na sociedade. A Procuradoria Especial da Mulher da Casa, que organizou o evento, ressaltou que atende denúncias de violações de direitos e também é voltada para debater políticas públicas de interesses das mulheres. A Procuradoria atende no telefone 3316-1623 ou pelo e-mail procuradoriamulher.cg@gmail.com

Saiba mais: A conferência foi aberta ao público e aconteceu no Plenário Oliva Enciso, da Câmara Municipal. Para mais informações sobre o evento, assista pelas redes sociais da Câmara, no Facebook e Youtube.