Vereador é gravado tentando convencer assessora de fazer uma ‘rachadinha’
Um possível esquema de ‘rachadinha’, quando assessores de políticos dividem seus salários entre si, pode estar acontecendo dentro da Câmara Municipal de Rio Brilhante. O caso foi denunciado nesta semana por um vereador, em plena sessão ordinária.
De acordo com as informações, pelo menos um vereador está envolvido no esquema. Uma ex-assessora gravou uma das conversas que teve com outro assessor e também com um vereador na qual lhe é explicado sobre como funcionaria a ‘rachadinha’.
O áudio foi entregue à imprensa nesta sexta-feira (03). Conforme consta, os dois assessores deveriam dividir um mesmo salário, se aproveitando de que ambos trabalhariam em períodos diferentes. Na conversa, a mulher acusou os dois de estarem cometendo o crime de peculato, mas ambos tentam convencê-la de que o ato seria uma espécie de ‘terceirização de serviço’.
Aunda segundo a conversa, após ouvir a proposta, a mulher afirma que “vai cumprir o combinado”, porém, demonstra insegurança e chega a perguntar aos dois se iriam confiar em uma determinada pessoa que também estava sabendo do esquema.
O vereador explica que, caso alguém pergunte algo a respeito, ela deve dizer que está pagando uma pessoa para fazer uma parte do seu serviço. “Mas é o meu salário… Se alguém falar alguma coisa… Isso é peculato!”, disse a ex-assessora.
Para aceitar participar do esquema, a ex-assessora exige receber um recibo da parte que será entregue ao colega em uma tentativa de evitar ser acusada pelo crime.
O vereador então rebate dizendo que a ‘rachadinha’ só será descoberta se ela contar para alguém: “O dinheiro é seu e você está pagando um cara que está fazendo parte do seu serviço”, disse, explicando a eventual justificativa para a divisão salarial.
A ex-assessora nega a oferta, alegando que “não vai se ferrar sozinha”. O vereador repete a fala anterior, de que o dinheiro é dela e que ela faz o que quiser. “Você quer jogar no vazo.. só que você tinha que ter falado isso lá trás”, declarou, dando a entender que o golpe já estava previsto antes dela ser contratada.
Em seguida, o assessor cita que se alguém denunciar o caso “os três estarão no fogo”. “Não tem essa de tipo eu querer fazer uma coisa… vai sobrar para mim”. Depois, fala que o jeito mais fácil é pegar o dinheiro diretamente com ela e em espécie.
A ex-assessora persiste na autodefesa, dizendo que quer se precaver. “O de vocês, vocês não querem deixar na reta né? O meu também não vai ficar”, comentou. No final da gravação, o vereador reafirma que não tem nada de ilegal no ato.
O vereador que fez a denúncia do caso na Tribuna, Rodrigo Laboissier (PSDB), disse que vai levar os áudios ao MPMS (Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul).
“Ouvi umas porcarias, que são crimes políticos! Se não levarmos para frente um processo de cassação, quero ver como vamos responder à nossa população de 40 mil pessoas”, discursou na sessão ordinária.
Até o momento, nenhum pedido de cassação contra os vereadores foi registrado pela Câmara Municipal de Rio Brilhante, mas uma denúncia será feita internamente para apurar os fatos. A Casa não tem nenhuma Comissão de Ética para tratar deste tipo de situação.
O vereador denunciado negou o crime e disse que registrou um boletim de ocorrência, acusou a ex-assessora de fazer gravações ilegais e que também deseja que o Ministério Público investigue para provar a sua inocência.
Para ele, tudo é uma armação política. O vereador explicou ainda que a ex-assessora procurou o seu gabinete pedindo emprego e que aceitou trabalhar como voluntária, sendo ainda que, após deixar o gabinete, foi nomeada em um cargo comissionado da Prefeitura de Rio Brilhamte.