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PM vai apurar eventual demora no atendimento do caso de abandono de crianças na Capital

Após a reclamação das testemunhas quanto ao tempo de espera pela presença da viatura no local da ocorrência, a Polícia Militar de Mato Grosso do Sul (PMMS) decidiu abrir uma sindicância para apurar os fatos. Como parte do rito, três policiais militares que atuam no Ciops (Centro Integrado de Operações de Segurança) e que teriam atuado naquele dia foram afastados das atividades.

A situação em pauta aconteceu na terça-feira (24), quando um homem encontrou duas crianças de dois e três anos de idade sozinhas e trancadas dentro da casa ao lado da sua. Na oportunidade, ele sentiu um forte cheio de gás e as vítimas choravam bastante, além disso, nao tinham sido alimentadas até então. Ele acionou o Conselho Tutelar e a Polícia Militar.

Na versão dele e dos demais vizinhos, houve pelo menos quatro horas de espera entre a primeira ligação até a chegada da viatura no endereço, no intervalo das 7h às 10h30min. Já a PMMS contesta, alegando que o chamado telefônico ocorreu uma hora depois do alegado, às 08h37min, e que a guarnição esteve no local duas horas depois.

A corporação também negou a informação de falta de viaturas e explicou que as viaturas trabalham por setor, sendo que naquele momento da chamada as unidades daquela área estavam em atendimento, com isso, foi necessário deslocar a viatura de outra unidade, o que gerou o maior tempo de espera.

O caso

Segundo o depoimento do vizinho, por volta das 07 horas sentiu um forte cheiro de gás vindo da casa vizinha e depois escutou uma das crianças chorando. Ao perceber que estava sozinho lá dentro, ele invadiu a residência e encontrou as quatro bocas do fogão acionados, com o gás vazando.

Ele fechou as bocas e interrompeu a saída do gás do botijão. Em seguida, acionou a Polícia Militar, relatando que a situação de abandono das crianças é comum, porém, em intervalos de até uma hora, e que a família reside no imóvel há cerca de três meses. Hoje, os irmãos ficaram sem a presença dos pais por pelo menos cinco horas.

O vizinho gravou um vídeo relatando a situação e também acusou os pais de maus-tratos, alegando que ouve diariamente xingamentos e agressões por parte do pai das crianças, de dois e três anos. “Os pais deveriam dar carinho, tratar bem. Essas crianças vivem em um lar tóxico, com agressões. Isso vai refletir na vida dela”, diz ele no vídeo.

De acordo com a polícia, os pai das criança chegou ao local durante o atendimento e foi preso em flagrante. Em sua versão, disse que o horário de respectivos trabalhos da esposa e dele são ruins, sendo que ele trabalha durante a noite e a madrugada enquanto que a esposa precisa sair de casa por volta das 06 horas. Nesse meio tempo, enquanto um está saíndo e o outro chegando, os filhos costumam ficar sozinhos em casa.

No caso desta terça-feira, o pai relatou que chegou em casa por volta das 05h45min, porém, precisou sair novamente pela manhã para ir ao banco, retornando somente às 10h30min, deixando os filhos sozinhos durante toda a manhã.

Diante dos fatos, o casal foi preso e encaminhado a DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) por abandono de incapaz. As crianças foram recolhidas, mas o irmão do pai delas, de 21 anos, se apresentou como responsável e as recolheu. Um advogado do casal esteve na delegacia e fez o acerto da fiança, na ordem de dois salários minímos, e eles foram soltos.

Testemunha agredida

Na quarta-feira (25), o vizinho que socorreu as crianças foi agredido pela mãe das vítimas. Em sua versão, por volta das 9h a vizinha acompanhada de dois homens foram até ele e teriam dito que achou vergonhosa a denúncia que fez contra ela. Houve uma discussão entre os dois até que ele foi agredido pelos homens e ameaçado de morte.

Ele foi atingido no pescoço, braços e barriga. Após os fatos, o morador procurou a 7ª Delegacia de Polícia Civil e registrou o caso como tentativa de lesão corporal e está sendo investigado.

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